A Fundação Amílcar Cabral (FAC) reeditou, pela primeira vez em língua portuguesa, o livro que o antigo nacionalista angolano Mário de Andrade escreveu em 1980, em francês, sobre o "pai" das independências da Guiné e Cabo Verde.
A apresentação do livro "Amílcar Cabral - Uma Biografia Política" foi feita na noite de sexta-feira na Assembleia Nacional de Cabo Verde pelo ministro da Cultura cabo-verdiano, Mário Lúcio, iniciativa integrada nas celebrações do 90.º aniversário do nascimento de Cabral (12 de setembro de 1924, em Bafatá, leste da Guiné-Bissau), assassinado a 20 de janeiro de 1973, em Conacri, em circunstâncias por apurar.
Mário Coelho Pinto de Andrade, que morreu em Londres a 26 de agosto de 1990, aos 61 anos, foi um dos cofundadores de Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, de que foi presidente de 1960 e 1962), e, no livro, descreve a génese do pensamento de Cabral nas diferentes fases da guerra pela independência (1963/74).
O autor morreu quando preparava a versão portuguesa, em 1990, ideia recuperada pela FAC, presidida pelo ex-chefe de Estado cabo-verdiano Pedro Pires, que a integrou nas celebrações, iniciadas em janeiro de 2013, dos 40 anos do assassínio de um dos mais importantes líderes africanos do século XX.
Andrade e Cabral foram "companheiro de luta", tendo colaborado na elaboração e apresentação de posições de natureza política às organizações internacionais, sendo também dos principais impulsionadores do Movimento Anticolonialista (MAC), cujo manifesto inspirou o nascimento da resistência ao regime colonial português. No ensaio, em que também não mostra certezas sobre os mandantes do assassínio, Mário de Andrade reconstitui o itinerário político e intelectual de Cabral, mostra as linhas de força e os laços de concordância do seu pensamento e ação no contexto histórico em que viveu.
O ensaio estrutura-se em quatro partes - a emergência do unificador, as armas da crítica e os instrumentos do conhecimento, a sociologia da guerra do povo e a contribuição teórica. As celebrações promovias pela FAC visaram "relembrar" a vida e obra de um dos cofundadores do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC - 1956), que dedicou a sua vida, até ao seu assassinato, à causa da libertação das duas antigas colónias portuguesas.
Amílcar Cabral foi assassinado a 20 de janeiro de 1973 em Conacri, sede do então movimento independentista que se batia contra Portugal pela "libertação" das então colónias portuguesas de Cabo Verde e Guiné. Até hoje, nunca foi esclarecida a responsabilidade do assassinato, ocorrido oito meses antes de o PAIGC declarar, unilateralmente, a independência da Guiné-Bissau (24 de setembro de 1973), reconhecida por Portugal praticamente um ano mais tarde (10 de setembro de 1974). Cabo Verde só acederia à independência a 05 de julho de 1975. Fonte: Aqui