Combatentes centro-africanos, acantonados desde o início deste ano em dois campos militares de Bangui, manifestaram esta quinta-feira a sua recusa quanto a serem enviados para as suas regiões de origem, tendo posto condições e formulado ameaças.
Esses combatentes são provenientes da antiga coligação séléka, que tinha tomado o poder em Bangui no início de 2013, antes de ser forçada a abandonar o governo em janeiro de 2014 por uma intervenção das forças internacionais.
No período da manhã, grupos de algumas dezenas pessoas – a maioria sem armas e algumas com granadas – posicionaram-se em várias artérias da capital e nos arredores dos campos Béal e do RDOT, onde estão acantonadas sob vigilância das forças internacionais, esperando para serem reconduzidas na província.
As forças Minusca (ONU) Sangaris (França) e Eufor-RCA (Europa) desdobraram um dispositivo impressionante em redor dos manifestantes. Receando a violência, os habitantes dos arredores fugiram das suas casas, e outros permaneceram no interior dos domicílios, mas a circulação junto aos dois campos foi cortada. Nenhum incidente foi registado até ao final da manhã.
«O governo quer acantonar-nos fora daqui. Mas não nos disse como pretende executar esse processo. Que nos pague as indemnizações do acantonamento, que integre os jovens formados nas forças armadas centro-africanas e que patenteie os antigos combatentes que estão connosco», disse à AFP Laurent Mamadou, um dos representantes dos manifestantes.
A aerogare de Bangui, ultraprotegida, é a base principal das forças internacionais, e mesmo no auge das violências intercomunitárias nenhum bando armado conseguiu lá entrar.
Fontes governamentais garantiram nesta quinta-feira em Bangui que «uma reunião foi convocada no palácio presidencial para examinar a situação criada com esta manifestação dos ex-combatentes séléka».
Pelo menos um milhão de combatentes séléka continuam até hoje acantonados na capital. Outros regressaram às suas regiões de origem (essencialmente no norte do país), aquando das operações de transferência realizadas pela Organização Mundial das Migrações (OIM). Fonte: Aqui