sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

PM DA GUINÉ-BISSAU QUER UNIÃO ECONÓMICA E MONETÁRIA DA ÁFRICA OCIDENTAL A FALAR PORTUGUÊS

O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira(mais conhecido por moço de recados), defende que o português seja considerado língua de trabalho na União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA), organização maioritariamente francófona.
 
"Será que não chegou o tempo de adotar o Português como língua de trabalho da nossa União"? - perguntou o líder do governo na quinta-feira, num discurso feito na abertura do encontro de primeiros-ministros da UEMOA, em Cotonou, Benim.
 
A intervenção, em francês, foi hoje distribuída pelo gabinete de Domingos Simões Pereira junto dos órgãos de comunicação social.
 
"A adoção da língua oficial de cada um dos estados-membros [como língua de trabalho] parece-me um dos fatores fundamentais para a inclusão efetiva das populações e um sinal forte da nossa solidariedade", acrescentou.
 
A Guiné-Bissau é o único país lusófono de uma organização em que os outros sete membros falam francês (Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Mali, Níger, Senegal e Togo).
 
O primeiro-ministro Simões Pereira referiu, no discurso de quinta-feira, que a língua é um dos obstáculos à transposição de legislação da UEMOA para o direito nacional.
 
"A Guiné-Bissau é de longe o país com a menor taxa de transposição de textos comunitários, bem como da sua aplicação. Para podermos encetar o processo ao mesmo tempo dos outros países, é indispensável que versões em português estejam disponíveis ao mesmo tempo que aquelas em francês", referiu.
 
A medida permitiria também que a Guiné-Bissau participasse mais nos debates sobre cada lei, acrescentou.
 
O governante diz que não se trata de pedir qualquer "tratamento especial", mas referiu que o assunto deverá, pelo menos, merecer reflexão.
 
Para além da língua, também o sistema de organização administrativa diferente faz com que Domingos Simões Pereira peça à UEMOA para que aposte numa assistência técnica baseada, por exemplo, num programa de intercâmbio de quadros - assim como na concessão de acesso a instituições de formação técnica e superior.
 
Apesar das dificuldades, a Guiné-Bissau transpôs para a lei nacional, em dezembro, diretivas relativas à lei das Finanças Públicas e ao código de Transparência na Gestão.
 
"Estamos a desenvolver esforços para acelerar o processo de transposição dos textos legislativos restantes", concluiu. RTP