O Director Nacional do Banco Central dos Estados da África Ocidental BCEAO disse ontem, 08 de Maio de 2015, que a economia guineense continua frágil e vulnerável aos choques externos, facto que “pode resultar negativamente na vida da população se o preço de caju, produto de maior exportação da Guiné-Bissau, cair”.
João Aladje Fadia fez esta declaração a’O Democrata à margem da jornada da divulgação da balança de pagamentos e a posição das contas externas da Guiné-Bissau para 2013, cujo saldo negativo ascendeu a vinte e cinco milhões, novecentos e quarenta e um, vírgula, cinco francos CFA das transacções correntes em 2013, contra quarenta e dois milhões e quatrocentos e noventa e sete mil, vírgula, três francos CFA, em 2012, um saldo considerado igualmente negativo.
De acordo com João Aladje Fadia, em 2014 o sector externo do país foi caracterizado por um saldo global record que se situa em sessenta e cinco, vírgula, oito mil milhões contra os dez, vírgula nove mil milhões (10 900 000 000), em 2013.
O responsável nacional do banco comunitário nota que tal subida deveu-se ao facto de, o país ter beneficiado em 2014, de um contexto “muito favorável” resultante, em parte, da organização das eleições presidenciais e legislativas assim como o aumento dos preços de exportação da castanha de caju, que se situaram em mil (1000) dólares norte-americanos por tonelada, contra os oitocentos e cinquenta dólares por tonelada em 2013.
“Analisando esses dados, pode-se concluir que a nossa economia permanece frágil aos choques externos, podendo assim a qualquer alteração dos preços do caju a nível do mercado internacional bem como as condições climáticas, repercutir-se negativamente nas vidas das nossas populações em particular e, em geral, nas reservas do país”, assinala.
Em relação ao volume, refere João Aladje Fadia, que tal atingiu cento e trinta e oito mil e quinhentos e cinquenta, vírgula, três toneladas em 2014, contra os cento e quarenta e cinco mil e setecentos e treze, vírgula um toneladas em 2013, ou seja uma redução de 4,9 por cento.
O responsável nota ainda que BCEAO projectou para 2015, uma taxa de crescimento de quatro, vírgula sete por cento, contra dois, vírgula nove por cento, registados em 2014.
João Aladje Fadia explica esta taxa que será sustentada pelo nível de investimento público e privado conjugados com efeitos esperados da melhoria do ambiente de negócios.
Assim, alerta, que a projectada taxa de crescimento será igualmente suportada por “uma boa produção agrícola” através de investimentos previstos no sector da produção rizícola e na fileira do caju. Com efeito, potenciar o sector da produção rizícola para redução da quantidade do arroz importado, “com fortes incidências às receitas cambiais da Guiné-Bissau”.
No entendimento de Aladje Fadia, com o retorno à normalidade constitucional, abre-se novas perspectivas para o país “num período em que as expectativas das populações são altas”.
“Encorajo executivo a prosseguir com as reformas, pois o BCEAO continuará a ser aliado indefectível no processo da consolidação da actividade económica”.
O acto foi presidido pela Secretária de Estado do orçamento e assuntos fiscais, Tomásia Manjuba. O encontro reuniu instituições estatais e responsáveis das entidades comerciais, empresas públicas e financeiras nacionais e internacionais.
Falando em nome do Governo, Tomásia Manjuba Secretária de Estado do Orçamento e Assuntos Fiscais, fala dos desequilíbrios internos e externos resultantes das fracas diversificações das exportações do país, que segundo justificou, se traduzem numa “forte dependência da Guiné-Bissau dos apoios externos e um elevado nível de importação”.
“A crise resultante do golpe de Estado de 2012, acentuou mais as dificuldades em todos os sectores da actividade económica”, justifica.
Realçando período pós-eleições, a governante notou que com o retorno à ordem constitucional, o Governo liderado por Domingos Simões Pereira conseguiu relançar o país ao encontros dos seus parceiros internacionais beneficiando de um crédito rápido do Fundo Monetário Internacional, que permitiu mobilizar os recursos financeiros dos parceiros do desenvolvimento e reorganizar o circuito interno das receitas. Com o efeito, sublinha “ as receitas das alfândegas tiveram um aumento de cento e quarenta e cinco (45) por cento, no último trimestre de 2014 e as direcções-gerais das contribuições e imposto progrediram quarenta e cinco (45) por cento em comparação com o período homólogo de 2013.
Relativamente às recomendações, o Banco Central dos Estados da África Ocidental quer que seja diversificada a economia, melhorar o ambiente de negócio, reforma no sector de caju e melhorar as infraestruturas públicas.
Outra recomendação deixada pelo BCEAO tem a ver com a redução de produto alimentar e ao mesmo tempo reforçar a importação de bens de equipamentos, aumentar a produção do arroz e investimento público e privado.
Por: Filomeno Sambú