quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

ALARIDOS DE OVÍDIO PEQUENO

Tem sido o Representante da CPLP, aliás - desculpem-me o mau jeito - queria dizer da União Africana (UA) em Bissau. É o dito-cujo que mais parece com aqueles repteis que mudam de cor sob acção da luz ou da sua vontade. Tipo cata-vento! Portanto, com todo o respeito pelas instituições africanas, não podemos, de nenhum forma, subscrever os alaridos por ele lançados ontem ao Presidente de todos os guineenses, solicitando os seus bons ofícios no sentido de se interceder e mediar a crise que se instalou no interior do PAIGC, e que afeta a maioria na assembleia Nacional Popular.

Como se pode caracterizar uma liderança político-partidária, maioritária no parlamento, mas que se atreve a perder essa maioria muito antes do terço da legislatura? 

Seria melhor que o Representante da UA abstivesse e deixasse que a democracia parlamentar seguir o seu curso natural. Pedia-lhe mesmo para tirar o cavalinho da chuva da sua pretensão. Todos nós vimos como o mundo assistiu impávido e sereno aos insultos ao nosso Presidente da República. A nossa memória política será assim tão curta a ponto de esquecer o enxovalhamento público, inclusive com ameaças, ao Presidente da República fabricados pelo actual Presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira e o seu irmão mais velho Camilo Simões Pereira, desde Setembro passado, todos os dias e durante o dia inteiro, na rádio, durante três meses? Ah, já sei, os apelos só aparecem mesmo como bóia de salvação para os seus aliados internos.  

Muito estranho quando o mundo advoga os princípios democráticos e a necessidade de diálogo sincero entre alas desavindas no interior do PAIGC e no país, mas, de repente,  esse mesmo mundo, mostra-se apoquentado com o debate franco em curso entre os adversários políticos no interno dos libertadores.



Na nossa visão, senhor Representante, a democracia não deve ser deturpada ou até interrompida, com verborreias embaladas e atadas com fitas de cetim. É salutar para o povo guineense que haja debates sérios e aprofundados na casa dos seus representantes. A razão está sempre do lado do discurso livre e no contraditório. E jamais estará na visão monocórdica do mesmo. O palco, como disse, por excelência da confrontação político-ideológica é na Assembleia Nacional Popular. E que ganhe a melhor proposta. Se for dentro do PAIGC que ganhe também as ideias mais galvanizante.

Acho ainda, Excelência, que deveríamos concentrar-nos, hoje mais do que nunca, na afronta que está a ser engendrada pelo actual Presidente do PAIGC, para o dia 18 de Janeiro. Actos antidemocráticos, de mandar a polícia  de intervenção impedir e reprimir qualquer tentativa de entrada dos 15 deputados da nação (os chamados contestatário do Programa do Governo de Carlos Correia), no recinto da ANP. Envolver forças paramilitares no posicionamento ideológico-político, defender um dos contendores, impedindo a entrada da outra parte, expulsa do partido (PAIGC) e que, na qualidade de deputados, prometeram não abandonar os seus lugares no parlamento, é uma invenção política muito grave e conspira contra a democracia. E constitui um autêntico barril de pólvora contra o nosso martirizado povo. São estes actos que deveriam merecer a condenação de Vossa Excelência, na qualidade de Representante da UA em Bissau.

“APITÓÓÓ,

KUMBOSA NFARU KU PARAN TAXI ÓÓÓ…”