sábado, 9 de janeiro de 2016

PESQUISADORES DE BRASIL E SENEGAL VÃO ESTUDAR JUNTOS O ZIKA VÍRUS

Amadou Alpha Sall - Director do Instituto Científico de Pasteur fala em Conferência de Imprensa sobre Epidemia Zika Vírus
 
São Paulo - Cientistas do Brasil e do Senegal anunciaram em São Paulo nesta sexta-feira a criação de um grupo de trabalho para estudar o vírus zika, transmitido por mosquitos, que tem causado um surto de microcefalia no país.
 
A equipe senegalesa, liderada pelo cientista Alpha Amadou Sall, vem do Instituto Pasteur de Dakar e já está activa na luta contra o vírus Ebola na África Ocidental.
 
O objectivo é que os cientistas africanos participem de uma rede de pesquisadores no estado de São Paulo e os treinem para tomar parte mais activa no combate ao surto de zika - que desde 2015 causou um total de 3.174 casos suspeitos de bebés nascidos com microcefalia ao afectar suas mães quando estavam grávidas, segundo o primeiro boletim do ministério da Saúde deste ano.              
 
O grupo vai buscar saber se o vírus é letal, o que desata a microcefalia nos fetos, o que provoca em mulheres que não estão grávidas ou como se comporta seu vector, o mosquito Aedes Aegypti, o mesmo que transmite a dengue e o Chikungunya.              
 
"A ideia é organizar uma plataforma para investigar de forma conjunta", declarou em conferência de imprensa Paolo Zanotto, professor do Instituto de Ciências Médicas da Universidade de São Paulo, coordenador da rede de pesquisadores paulistas.
 
"Daqui a seis meses gostaria de entender o que está a causar a microcefalia, ter sistemas extremamente rápidos de detecção do vírus; gostaria por exemplo que uma mulher grávida recebesse um acompanhamento e pudesse ser orientada para reduzir os danos à criança", acrescentou.
 
Os cientistas provaram que malformação congénita está relacionada ao vírus zika. A microcefalia é uma doença irreversível que é detectada quando a circunferência do crânio é igual ou inferior a 33 centímetros, o que leva a dificuldades no desenvolvimento intelectual.
"Vamos investigar o nexo entre o zika e a microcefalia. Se há um nexo e como se desenvolve e, além disso, vamos tratar de compreender melhor a biologia do vírus para desenvolvermos uma vacina e tratamentos", comentou Amadou Alpha Sall.
 
"Ainda quando há algumas observações a nível da Polinésia Francesa, as proporções que temos visto no Brasil são incomuns e isso dá a oportunidade de tratar de entender essa nova apresentação clínica", afirmou.
 
Em 2014, o Brasil diagnosticou 147 bebés afectados pela doença, mas em 2015 o problema disparou. A descoberta científica inédita foi confirmada através de três resultados de laboratório e levou o governo a definir como prioridade a luta para controlar a população do mosquito vector.
 
A colaboração entre Brasil e Senegal faz parte de um acordo entre a Universidade de São Paulo, da Rede Internacional de Institutos Pasteur e a Fundação Oswaldo Cruz do Brasil (Fiocruz), com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do São Paulo, Fapesp. Fonte: Aqui