Bissau - A Liga dos Sábios Muçulmanos da Guiné-Bissau está a organizar acções de sensibilização contra o terrorismo baseado na radicalização do discurso islâmico, noticia nesta quarta-feira a LUSA.
O presidente da Liga, Malam Djassi, sublinhou que os jovens estão a ser enganados por um pensamento longe do ideal islâmico, segundo o qual todo o ser vivo deve ser bem tratado.
Essas declarações foram feitas no liceu que funciona junto à mesquita central de Bissau.
O responsável da liga frisou que desde Novembro têm sido organizados encontros regulares com jovens para prevenir que o radicalismo entre no país, depois de se alastrar no Mali.
"Se a casa do vizinho está a arder, tens que ajudar a apagar o fogo, ou a tua casa pode ser destruída a seguir", justifica Mohamad Yaya Djaló, secretário-geral da Liga, numa alusão a um provérbio local.
Disse que a sua organização prepara-se ainda para fazer um levantamento de todas as organizações islâmicas a trabalhar no país e das suas fontes de financiamento.
A presença de organizações extremistas sob a capa do islamismo para recrutar extremistas islâmicos na Guiné-Bissau carece de provas, diz uma fonte do Escritório das Nações Unidas para combate à Drogas e Crime Organizado (UNODC) em Bissau.
Acrescentou que não há evidências, embora o trabalho de prevenção esteja a ser feito e seja de extrema importância, nomeadamente, "a capacitação das autoridades", através da formação e atribuição de novos equipamentos e instalações para combate ao crime organizado.
Segundo a UNODC, a organização muçulmana na Guiné-Bissau é homogénea - de clara maioria sunita (99%) - e os pregadores oriundos do Paquistão e do Golfo Pérsico, "actuando como missionários", não representam perigo.
Realçou ainda que esse terrorismo pode pressupor uma conversão ao islamismo, mas quem se converte não é necessariamente terrorista.
A Polícia Judiciária (PJ) da Guiné-Bissau encara a Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI) como uma organização que vê a região como um todo, um recrutador trabalha hoje na Guiné-Bissau e amanhã já pode estar noutro país.
Depois da detenção de três guineenses suspeitos de serem terroristas da AQMI, a PJ procura os cúmplices que terão orientado um desses intermediários da organização.
"Estamos atentos", sublinha Malam Djassi, presidente da Liga de Sábios Muçulmanos.
Djassi acredita que, a haver convites para a radicalização na Guiné-Bissau, eles sejam feitos junto de população que só tardiamente se converte ao Islão, de forma mais isolada, e que, nesse contexto, aprendam "uma mensagem deturpada" da religião.
As organizações muçulmanas estão a defender a colocação de professores junto das comunidades "para ensinar o verdadeiro Islão" e para evitar que "outras pessoas cheguem ao local, assumindo o lugar de pregador, levando à radicalização".
"Ainda não aconteceu, mas há esse risco", conclui Malam Djassi.
A ameaça terrorista será uma daquelas com que vai lidar a Unidade de Combate ao Crime Transnacional da Guiné-Bissau, uma 'task force' que junta 20 elementos escolhidos das diferentes forças de segurança do país.
As instalações devidamente equipadas vão ser inauguradas em abril com financiamento da União Europeia e Japão e vão dar condições para a equipa reforçar o combate ao crime organizado.
A unidade faz parte da Iniciativa da Costa Ocidental Africana (WACI, sigla inglesa), criada por diversas organizações para implementar unidades contra a criminalidade transnacional em três países-piloto da sub-região em que há missões de paz da ONU: Guiné-Bissau, Libéria e Serra Leoa. Fonte: Aqui