Na África subsaariana o tratamento das águas continua a ser um problema, com um custo sanitário e económicos para os países exorbitante. Com algum apoio de fundos exteriores, a situação começa, no entanto, a ser contornada, escreve o Jeune Afrique.
Em 2012, o Banco Mundial fez as contas e concluiu que as lacunas quanto ao saneamento, que incluem o escoamento das águas das chuvas e também o tratamento das águas usadas, custavam a 20 países entre 1% a 2,5% dos seus PIB anuais. No total, cerca de 5 mil milhões de dólares – e isto ainda sem contar com as consequências em termos de saúde para as populações, a curto, médio e longo prazos.
Países como o Senegal, o Ruanda, o Gabão ou o Burkina Faso fazem esforços notáveis, apesar de o financiamento ser curto. Mas ainda há muito caminho pela frente, e por toda a África – sobretudo a que fica abaixo do Saara. Em 2010, apenas 30% dos subsaarianos tinham acesso a saneamento. E hoje o número é igual.
O primeiro objetivo de todos os países é educar as populações – sobretudo as rurais – quanto aos riscos da utilização de águas contaminadas ou das chuvas. Mas o problema é bem mais extenso, e tem, segundo os peritos, como causa principal um desinteresse político de larga data. Ainda assim, também nesse aspeto se começam a ver mudanças. Benim, Cabo Verde, Costa do Marfim e Níger, por exemplo, estão a redigir um plano diretor, visto como uma primeira etapa essencial. No Senegal, a maior medida em curso é a limpeza da baía de Hann – em tempos paradisíaca, mas hoje com toneladas de dejetos domésticos e lixo industrial a cobrirem as suas margens e a poluírem a água. Se o projeto chegar a bom porto, trará, além de vantagens sanitárias e económicas, um relançamento turístico para o local.
Paralelamente, o saneamento vai sendo cada vez mais um elemento prioritário nos orçamentos nacionais. E os bancos de desenvolvimento também apostam nesta área. O BAD, por exemplo, entregou mais de 220 milhões de dólares em 2014 a projetos de saneamento, em benefício de 1,1 milhões de pessoas. E esta e outras entidades, que asseguram a maior parte dos investimentos, financiam estações de tratamento de águas ou complexas redes de esgotos.
Poucos são os países que, como a Argélia, conseguem financiar sozinhos todos os seus projetos, nesta ou noutras áreas. Mas alguns intervêm, na medida das suas possibilidades. O Gabão, por exemplo, financiou quase na totalidade uma rede de escoamento das águas pluviais em Libreville, a capital (cerca de 36 milhões de dólares). E o setor do saneamento tem uma vantagem: pode ser «erguido» etapa a etapa, de acordo com as somas que vão ficando disponíveis.
Um outro grande problema quanto ao saneamento tem a ver com o modelo económico e financeiro. Os consumidores aceitam pagar eletricidade ou água potável. Mas, não vendo os benefícios do saneamento «diretamente», e sendo que estas redes não beneficiam ninguém em particular mas sim toda a comunidade, ficam mais reticentes quanto a pagar redes de esgotos, por exemplo. Por isso, encontrar um modelo económico que permita cobrir os custos destas obras é uma equação complexa, que tem de ter em conta os rendimentos dos cidadãos, para ser compatível com estes, mas também a qualidade do serviço. Fonte: Aqui