Nairobi - Meninas e mulheres do condado de Turkana, no norte do Quénia, são exploradas sexualmente em troca de alimento devido à seca, o que pressupõe significa um aumento da violência sexual, denunciou nesta quarta-feira o Comité Internacional de Resgate (IRC, sigla em inglês), citado pela Agência EFE.
Os casamentos precoces e forçados aumentaram e mulheres e meninas participam do chamado "sexo comercial", neste caso, em troca de comida, como consequência directa da insegurança alimentar, disse a ONG, ao anunciar os resultados das pesquisas realizadas na região no mês de Fevereiro.
Como consequência da seca, várias meninas de 12 anos trocaram as áreas rurais pelas urbanas, com o objectivo de se prostituir, na sua maioria em clubes nocturnos onde recebem cerca de 50 xelins (0,50 dólares) em troca de sexo.
Muitas destas meninas disseram a IRC que sob as suas responsabilidades estão irmãos e até filhos, que dependem delas para comer.
"A seca actual tem levado à escassez de alimentos e mulheres e meninas que necessitam de apoio, agora mais que nunca", disse o director do IRC no Quénia, Conor Philips, através de um comunicado.
O IRC denunciou, como consequência, um aumento da violência sexual e deu como exemplo o caso de uma menina de seis anos, em Lodwar, no oeste do lago Turkana, que foi violada e severamente espancada pelo homem que a acolheu e a sua família.
Pelo menos 2,6 milhões de quenianos sofrem com insegurança alimentar por conta da seca que causou perda de gado, aumento da má nutrição e doenças infecciosas, assim como o aumento do preço dos alimentos, que estão até cinco vezes mais caros.
O IRC queixou-se da falta de financiamento dos seus programas para apoiar esta população vulnerável.
No ano passado, os doadores cortaram fundos com os quais atendiam casos de violência sexual, apoio psicossocial, conselhos para as adolescentes, capacitação para mulheres e meninas, educação e consciencialização.
"O encerramento dos programas do IRC é uma tragédia para uma população extremamente vulnerável, os doadores devem restabelecer o financiamento agora para apoiar as meninas que saiam da exploração sexual e tenham uma forma mais segura de se alimentar, assim como as suas famílias", disse Philips.
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