Bissau,
04 fev (Lusa) - As eleições legislativas e presidenciais na Guiné-Bissau,
marcadas para 16 de março, podem ser adiadas duas semanas "no
máximo", admitiu hoje o representante especial das Nações Unidas no país,
José Ramos-Horta.
Se
devido a "prazos legais e ajustamentos técnicos necessários", a data
tiver que ser adiada "duas semanas, no máximo, creio que ninguém vai
levantar problemas. Eu subscreveria", referiu em declarações aos
jornalistas.
"Não
há problema com isso", referiu, desde que "se explique bem ao povo o
adiamento, se tiver que haver" e considerando que há "vontade
política" dos membros do governo de transição, cujo papel não tem sido
reconhecido.
Segundo
José Ramos-Horta, a decisão sobre se a data precisa de ser alterada ou não deverá
ser tomada pelo Presidente de transição, Serifo Nhamadjo.
O
representante das Nações Unidas refere que o chefe de Estado guineense está
atualmente "em consultas" com os parceiros da Comunidade Económica
dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e deverá ainda ouvir as entidades
nacionais antes de tomar uma decisão.
"O
crucial para nós, na comunidade internacional, é que verificamos que há vontade
política", sublinhou Ramos-Horta.
No
caso, considera que os governantes de transição na Guiné-Bissau "estão
todos cansados: o presidente, o primeiro-ministro, o ministro de Estado Vaz,
todos eles estão esgotados de dois anos de trabalho às vezes muito ingrato, sem
serem reconhecidos, sempre a serem criticados como golpistas".
"Eu
lido com eles e vejo: eles querem que o processo chegue ao fim, nós
acreditamos", sublinhou, ao justificar a aceitação de um adiamento da data
das eleições.
Ramos-Horta
felicitou ainda as autoridades de transição pelo "grande sucesso" do
recenseamento eleitoral que termina na sexta-feira, uma vez que deverá registar
90 por cento dos eleitores previstos (810 mil) - uma taxa acima do que se
verifica na Europa, nomeadamente em Portugal ou Inglaterra, referiu.
O
parlamento guineense terá que aprovar alterações à lei para encurtar os prazos
do processo eleitoral (publicação de cadernos eleitorais, entrega de
candidaturas, período de campanha, entre outros aspetos), de maneira a que todo
ele tenha suporte legal, transparente e claro, segundo tem sido referido pelas
autoridades de transição e parceiros internacionais.
Serifo
Nhamadjo referiu hoje que o parlamento da Guiné-Bissau não consegue juntar
deputados suficientes para discutir as alterações à lei eleitoral, porque os
eleitos do partido maioritário (PAIGC - Partido Africano da Independência da
Guiné e Cabo Verde) se encontram reunidos em congresso - que ainda não tem data
para terminar. Fonte:Aqui