Madrid (Lusa, 03 de Fevereiro de 2014) - O ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti(na foto), defendeu ontem como “essencial” uma reforma do setor da defesa e segurança na Guiné-Bissau antes da realização de eleições, marcadas para 16 de março.
“A Guiné precisa de uma reforma do setor da defesa e segurança e esta reforma eventualmente pode dar garantias para a estabilidade no futuro”, disse Georges Chikoti à agência Lusa em Madrid, adiantando que essa reforma deve passar pelo destacamento de uma força internacional de desmobilização e pela criação de novas forças armadas e polícia.
“O que nos preocupa a todos e não só a Angola é eles realizarem eleições sem terem feito essa reforma e não sabendo se as forças armadas vão submeter-se de facto ao poder político que venha a sair dessas eleições”, sublinhou.
Chikoti disse que Angola “está sempre disposta” a apoiar a Guiné-Bissau na busca “de uma solução pacífica, nas suas próprias condições” sendo que continuam por ultrapassar “muitos aspetos”. ”A questão do adiamento do processo eleitoral agora ou a realização do congresso do PAIGC não são necessariamente determinantes. O que é mais determinante é se as forças armadas estão dispostas a submeter-se à autoridade do Estado que saia das eleições”, disse.
“Não temos essas garantias. Isso é evidente pelo historial das forças armadas que têm alguns problemas em termos dos direitos humanos e também, como é evidente, como se fala do tráfico de droga que de algum modo afeta alguns setores das forças armadas”, insistiu.
Para Georges Chikoti, só resolvendo estas questões se pode “garantir a estabilidade” a estabilidade na Guiné-Bissau e para isso é vital uma ação conjunta da comunidade internacional através da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), das Nações Unidas, da União Africana, União Europeia e da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP)) “a trabalhar juntos, entendendo que é muito importante resolver a questão militar”.
“Deve criar-se uma força internacional para a desmobilização do exército atual, reformar quem tem que ser reformado, selecionar os militares que podem fazer parte de umas futuras forças armadas, já numa base diferente, depois fazer com que haja novas forças armadas e uma nova policia nacional que possa garantir a segurança das instituições e de quem seja eleito”, considerou.
Caso esses passos não sejam dados, insistiu o ministro angolano, a Guiné-Bissau estará “no mesmo circulo vicioso” com “forças armadas que vão fazer pressão sobre o poder político e não garantem a estabilidade”.
Chikoti falava à Lusa na embaixada de Angola em Madrid, onde hoje se encontrou com o seu homólogo espanhol José Manuel García-Margallo e onde na terça-feira realiza uma palestra sobre o tema “A segurança nacional como fator de estabilidade regional e mundial”. gbissau.com