O presidente do Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento (PDD), e negociador dos Acordos Gerais de Paz por parte Renamo, Raúl Domingos, que na semana passada se recusou a receber a condecoração atribuída pelo Estado no dia 3 de Fevereiro, Dia dos Heróis moçambicanos, diz que tomou aquela decisão porque considera que tal devia ser feito em momentos de paz e harmonia, e não de guerra. “Se eu aceitasse, estaria a festejar as desgraças dos moçambicanos que sofrem, directa ou indirectamente, os efeitos desta guerra evitável”.
Raul Domingos entende que “as circunstâncias em que ocorre a galardoação, que caracterizam pelo alto nível de intolerância, desigualdades, perseguições políticas, incluindo prisões e assassinatos de membros da oposição, o sofrimento em que vivem os moçambicanos nos campos dos deslocados, aliadas ao sangue derramado dos inocentes e ao luto que enche muitas famílias de dor, medo, incerteza e desespero, nomeadamente em Nampula, Nhamatanda, Homoíne, Funhalouro e outros locais, afectaram a minha consciência e constituíram determinantes que ditaram a minha decisão de não aceitar receber a condecoração”.
Por outro lado, o negociador dos Acordos Gerais de Paz está convicto de que os mesmos estão a ser implementados de forma precária, o que precipitou o país para um novo clima de violência armada em que se encontra.
Por esta razão, é de opinião de que o Governo devia estar mais preocupado em restabelecer a paz no país e não em condecorações. “A condecoração de cidadãos que se notabilizaram pela paz deve ser feita, em regra, em momentos de paz e na data de celebração da Paz e Reconciliação Nacional, o dia 4 de Outubro”.
Refira-se que Raul Domingos ia receber a distinção “Ordem 4 de Outubro do Primeiro Grau”. Fonte: Aqui