A directora do Plano de Emergência do Presidente para o Alívio da Sida, o Pepfar, iniciativa norte-americana para prestar auxílio aos portadores do vírus HIV, afirma que raparigas e mulheres estão a ser desproporcionalmente contaminadas pelo vírus. Deborah Birx revela que sete mil mulheres são infectadas a cada semana com o vírus da SIDA no mundo, a maior parte delas na África.
Há 34 anos que o vírus HIV/SIDA foi oficialmente declarado uma epidemia. Muitos progressos foram feitos nos anos recentes, como a melhoria de opções de tratamento e prevenção oferecidas à população. Entretanto, as gerações mais jovens continuam muito vulneráveis ao vírus. Existe hoje um número muito maior de jovens do que na época em que a epidemia começou. Em nenhum lugar isso é tão visível como na África Subsaariana.
A embaixadora Deborah Birx, directora do Plano de Emergência do Presidente para o Alívio da Sida, o Pepfar, está a liderar um esforço para proteger mulheres e raparigas, e mudar o curso dessa epidemia.
“As pessoas já sabem há algum tempo que mulheres e raparigas, especialmente as mulheres jovens, apresentam uma incidência maior da doença, e que o vírus está presente num número muito maior nas mulheres do que em homens da mesma faixa etária. Isso começa muito cedo, ao redor dos 14 ou 15 anos, e continua até pouco depois dois 20 anos. Nessas faixas etárias, o número de mulheres infectadas é quase o dobro do que o de homens”.
Birx diz que muitas das contaminações entre raparigas e mulheres podem ser causadas por pessoas com quem elas se relacionam. Aquela responsável afirma que a disparidade mostra que as raparigas e mulheres não são infectadas ao se relacionarem com pessoas da mesma idade, mas sim com homens de idade diferentes, com cerca de 10 anos a mais do que elas.
Debora Birx revela que oficiais de saúde têm ainda muito a aprender sobre os motivos pelos quais raparigas adolescentes e jovens mulheres se envolvem nesses relacionamentos. No início da epidemia, grande parte desse problema foi relacionado com a chamada síndrome dos “sugar daddies”, em português numa tradução liberal quer dizer os papás doces, na qual jovens raparigas se envolvem com homens mais velhos que são ricos e as sustentam. Mas a Birx diz que a situação é mais complicada do que isso.
“Nós nunca conversamos profundamente com raparigas de 10 a 14 anos, e depois novamente quando elas têm 15, 16 e 17, para realmente entender essas decisões nas diferentes comunidades. Eu acredito que cada caso é diferente e pode haver diferentes padrões em comunidades próximas umas das outras”.
A directora do Pepfar diz que as informações a serem recolhidas serão usadas para criar programas específicos dirigidos a raparigas e mulheres de comunidades específicas.
O programa Dream, anunciado em Dezembro passado, ainda se encontra no seu estágio inicial. Dream é um acrónimo em inglês para as palavras “determinação, resistência, empoderamento, ser livre da Sida, aconselhamento e segurança”. O programa é uma parceria público-privada entre a Pepfar, a Fundação Bill e Melinda Gates e a Nike Foundation e será executado em 10 países da África Subsaariana.
Para Birx, esta área é de extrema importância, com riscos específicos que devem ser trabalhados. Ela acredita que tais programas são vitais, tendo em vista o grande crescimento populacional.
“Se se olhar para a África Subsaariana e os dados demográficos sobre as raparigas e mulheres entre 15 e 30 anos no início da epidemia em 1985, e comparar com os dias de hoje, há um crescimento de cerca de 25 a 30% de mulheres nessa faixa etária. Este crescimento pode por em risco o continente africano”.
Debora Birx acredita que a doença pode estar a ser esquecida. No passado, o grande número de mortes causou um forte impacto na população mundial. Hoje, um maior número de vidas são salvas, o que, segundo Birx, está a gerar alguma complacência junto dos governantes.
Num recente encontro do Banco Mundial em Washington DC, a responsável do Plano de Emergência do Presidente para o Alívio da Sida, dos Estados Unidos, conversou com diversos ministros africanos. Debora Birx diz que eles pensam que o problema do HIV/Sida acabou, por causa do declínio no número de mortes. Birx diz que a Pepfar e outras organizações estão a mostrar que a doença continua a devastar muitas vidas, para que as pessoas entendam que esse é um problema significativo que precisa ser resolvido. Fonte: Voz da América