Carlos Gomes Júnior assumiu-se hoje como ex-presidente do PAIGC e desejou "a melhor sorte" a Domingos Simões Pereira, eleito domingo líder do partido guineense nas eleições realizadas no Congresso de Cacheu (norte da Guiné-Bissau).
Em declarações à agência Lusa na Cidade da Praia, onde reside há cerca de dois meses, Carlos Gomes Júnior, que foi presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) desde 2002, desejou que o novo líder consiga criar uma direção "forte e coesa" e "unir a família" do partido.
"Já foi eleito, no congresso, um novo líder (Domingos Simões Pereira), a quem desejo a melhor sorte e que consiga unir o partido nos grandes desafios que tem pela frente. A partir de agora, o fundamental é que o partido saia mais forte e coeso, que saia uma direção forte, dialogante, que possa unir toda a família do PAIGC", afirmou.
Carlos Gomes Júnior, que, na semana passada, assumiu o apoio à candidatura de Simões Pereira, considerou que o novo líder do PAIGC tem "experiência e provas dadas", factos reconhecidos internamente, na Guiné-Bissau, e internacionalmente.
"Trabalhamos na mesma equipa que preparou congressos e, depois de ter sido ministro (das Obras Públicas, Construção e Urbanismo, nos dois governos que Carlos Gomes liderou entre 2004 e 2005), teve outras funções, oito anos como secretário-executivo da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa)", lembrou.
"Ganhou estima e reconhecimento interno e externo. É um dirigente com provas dadas e penso que, com o apoio de todos, conseguirá fazer um bom mandato e unir a família do PAIGC. Vai ainda conseguir certamente continuar a merecer a confiança do povo guineense", acrescentou Carlos Gomes Júnior.
Ao falar da "confiança do povo guineense", o agora ex-líder do PAIGC referia-se à esperada candidatura de Domingos Simões Pereira, como presidente do partido, ao cargo de primeiro-ministro da Guiné-Bissau nas eleições previstas legislativas de 16 de março próximo, embora haja a possibilidade de serem adiadas.
Em causa está a polémica interna registada durante os trabalhos do congresso, em que alguns dirigentes defenderam a possibilidade de o partido escolher outra personalidade que não a do presidente do PAIGC para, em caso de vitória nas legislativas, assumir a chefia do Governo, proposta entretanto chumbada.
"Saio com a consciência do dever cumprido. Foram 12 anos com grandes dificuldades pela frente, mas não estou arrependido. Sinto-me grato pela confiança que os militantes e o povo da Guiné-Bissau sempre depositaram na minha pessoa e estou pronto e disponível para continuar a contribuir para o desenvolvimento do meu país", disse.
Carlos Gomes Júnior, 64 anos, natural de Bolama (sul da Guiné-Bissau, onde nasceu a 19 de dezembro de 1949), chefiou vários governos do PAIGC, na sequência da vitória do partido nas legislativas de 2004 e de 2009, nunca completou os mandatos, sendo, primeiro, afastado a 02 de novembro de 2005 pelo então presidente guineense, João Bernardo "Nino" Vieira, e, depois, na sequência do golpe de Estado de 12 de abril de 2012, após o que abandonou o país por razões de segurança.
Questionado pela Lusa sobre se sai "magoado" pela forma como foi deixa o partido, Carlos Gomes Júnior reconheceu ter sido vítima de "acidentes de percurso".
"Mas um homem tem de saber enfrentar as coisas sempre de cabeça levantada", concluiu. Fonte:NM in Lusa