A primeira República apontou
como desígnio da sociedade guineense a RECONSTRUÇÃO NACIONAL. Nada mais justo e
coerente com o facto de que a proclamação do Estado, para lá do seu significado
Jurídico-político, é o reassumir formal e integral da condução do nosso
destino. Isso faz do organizarmo-nos em Estado ou construir o nosso Estado,
tarefa central, vital, para o avanço e consolidação do processo de reconstrução
nacional.
Por: Ernesto Dabo | edabo49@hotmail.com
Impondo o exercício da
soberania que, em última instância, dentro e fora do território nacional,
sejamos nós a conceber e tomar decisões, concernentes aos nossos interesses
nacionais, então éramos, somos e seremos nós, cidadãos guineenses, enquanto
povo ou nação, a assumir essa obrigação. Certo de que a isso chegaríamos, antes
de criar bases de guerrilha, Amílcar Cabral criou uma instituição a que deu a
designação de LAR, espaço em que iniciou os combatentes na cultura
organizacional e instrução nos diversos domínios do saber militar e civil. Foi
de lá que saíram os primeiros núcleos de guerrilheiros para formação no
estrangeiro, que viriam a ser os primeiros comandantes da guerrilha do PAIGC.
Quando isso sucedeu (1960), na colónia, Guiné portuguesa, já se estava acima de
quatro séculos de dominação e do ponto de vista educativo, 99,07% da população
estava fora do sistema educativo e tinha-se acabado de criar o primeiro e
exíguo liceu em Bissau, reservado essencialmente a filhos de colonos e de
funcionários coloniais. A partir deste quadro de nível educacional, não havia
reservas humanas qualificadas, suficientes, para se constituir uma elite
dirigente militar, só ou essencialmente com autóctones; daí que, tanto a
guerrilha como essa componente essencial das forças coloniais, conhecida por Comandos
Africanos, do ponto de vista operativo, acabaram por ser dirigidas
principalmente por oficiais de muito baixo nível de formação escolar ou mesmo
nula. Referir-se a isto, serve para dizer que as duas forças agindo no mesmo
espaço, colheram ou recrutaram autóctones da mesma sociedade, presa a uma
elevadíssima taxa de analfabetismo. Portanto nem o colono nem o colonizado
conseguiram melhor, porque estavam ambos condicionados á realidade objectiva,
ou seja, só com o que puderam fazer. Leia mais