sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

EX-PRESIDENTE MOÇAMBICANO INDISPONÍVEL PARA OBSERVAR ELEIÇÕES NA GUINÉ-BISSAU


 
Cidade da Praia, 07 fev (Lusa) - O ex-presidente moçambicano Joaquim Chissano disse hoje estar "indisponível" para liderar a missão de observação das eleições gerais na Guiné-Bissau e mostrou-se favorável à adesão da Guiné Equatorial à Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Joaquim Chissano, que falava no final de um encontro com o presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, salientou que, no caso da Guiné-Bissau, o processo "está bem entregue" ao ex-chefe de Estado timorense, José Ramos-Horta, e que está, por outro lado, "ocupado" com outras missões de mediação no continente africano.

"Estou ocupado com outros assuntos africanos, como o conflito entre o Malaui e a Tanzânia, em que vamos começar a trabalhar mais a fundo agora, porque antes estava impedido de o fazer com a celeridade necessária, pois estava ocupado com Madagáscar. O tempo está muito limitado", afirmou.

Chissano, que se encontra em Cabo Verde desde quarta-feira e que participou na Cimeira sobre Inovação em África, defendeu que um eventual adiamento das eleições, previstas para 16 de março próximo, tem de ser bem pensado.

"Não conhecendo bem as coisas, baseio-me no meu princípio geral: é melhor fazer bem as coisas do que as fazer num prazo só porque têm de se fazer. Se o adiamento tiver bases sérias e fortes, as coisas andarem bem para haver eleições bem preparadas e credíveis, não estaria contra isso (o adiamento). Mas se é para proveito de situações que não sejam justas, então não tem sentido", afirmou.

Questionado pela Lusa sobre se é favorável à adesão da Guiné Equatorial à CPLP, Chissano respondeu que sim, lembrando que o pedido das autoridades de Malabo é antigo e que data da altura em que o ex-presidente moçambicano chefiou a diplomacia do país (1975/86).

"Sim, sou favorável à adesão da Guiné Equatorial à CPLP. Desde que fui ministro dos Negócios Estrangeiros, a Guiné Equatorial sempre me interpelou para aderir mesmo aos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), numa altura em que a sua experiência de governação era incipiente e em que acabava de ser deixada de fora (dos vários blocos). Isso fez com que (o país) seguisse outros rumos", disse.

"Agora, num momento em que a Guiné Equatorial fala de diversificação, não só em termos económicos, mas também de como fazer a governação, de como inserir as populações dentro deste processo de governação, voltou a insistir e fala de formas para melhorar a imagem para um país com boa governação. Então, penso que esses passos devem ser encorajados", sustentou Joaquim Chissano.

Para o ex-Presidente moçambicano, a CPLP pode desempenhar "um papel importante" na evolução do país, sobretudo para que os recursos naturais da Guiné Equatorial "sejam melhor utilizados" para o bem-estar das populações, estabelecendo paralelamente "sinergias" para o desenvolvimento com os oito países da CPLP. Lusa

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