Cidade da Praia, 07 fev (Lusa) - O
ex-presidente moçambicano Joaquim Chissano disse hoje estar "indisponível"
para liderar a missão de observação das eleições gerais na Guiné-Bissau e
mostrou-se favorável à adesão da Guiné Equatorial à Comunidade de Países de
Língua Portuguesa (CPLP).
Joaquim Chissano, que falava no final de
um encontro com o presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, salientou
que, no caso da Guiné-Bissau, o processo "está bem entregue" ao
ex-chefe de Estado timorense, José Ramos-Horta, e que está, por outro lado,
"ocupado" com outras missões de mediação no continente africano.
"Estou ocupado com outros assuntos
africanos, como o conflito entre o Malaui e a Tanzânia, em que vamos começar a
trabalhar mais a fundo agora, porque antes estava impedido de o fazer com a
celeridade necessária, pois estava ocupado com Madagáscar. O tempo está muito
limitado", afirmou.
Chissano, que se encontra em Cabo Verde
desde quarta-feira e que participou na Cimeira sobre Inovação em África,
defendeu que um eventual adiamento das eleições, previstas para 16 de março
próximo, tem de ser bem pensado.
"Não conhecendo bem as coisas,
baseio-me no meu princípio geral: é melhor fazer bem as coisas do que as fazer
num prazo só porque têm de se fazer. Se o adiamento tiver bases sérias e
fortes, as coisas andarem bem para haver eleições bem preparadas e credíveis,
não estaria contra isso (o adiamento). Mas se é para proveito de situações que
não sejam justas, então não tem sentido", afirmou.
Questionado pela Lusa sobre se é
favorável à adesão da Guiné Equatorial à CPLP, Chissano respondeu que sim,
lembrando que o pedido das autoridades de Malabo é antigo e que data da altura
em que o ex-presidente moçambicano chefiou a diplomacia do país (1975/86).
"Sim, sou favorável à adesão da
Guiné Equatorial à CPLP. Desde que fui ministro dos Negócios Estrangeiros, a
Guiné Equatorial sempre me interpelou para aderir mesmo aos PALOP (Países
Africanos de Língua Oficial Portuguesa), numa altura em que a sua experiência
de governação era incipiente e em que acabava de ser deixada de fora (dos
vários blocos). Isso fez com que (o país) seguisse outros rumos", disse.
"Agora, num momento em que a Guiné
Equatorial fala de diversificação, não só em termos económicos, mas também de
como fazer a governação, de como inserir as populações dentro deste processo de
governação, voltou a insistir e fala de formas para melhorar a imagem para um
país com boa governação. Então, penso que esses passos devem ser
encorajados", sustentou Joaquim Chissano.
Para o ex-Presidente moçambicano, a CPLP
pode desempenhar "um papel importante" na evolução do país, sobretudo
para que os recursos naturais da Guiné Equatorial "sejam melhor
utilizados" para o bem-estar das populações, estabelecendo paralelamente
"sinergias" para o desenvolvimento com os oito países da CPLP. Lusa
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