As milícias centro-africanas
"anti-balaka", acusadas de abusos contra os muçulmanos,
"tornaram-se os principais inimigos da paz" e serão "perseguidas
pelo que são: foras da lei e bandidos", declarou hoje o comandante da
força francesa na República Centro-Africana.
"Os que se
dizem 'anti-balaka' tornaram-se os principais inimigos da paz na República
Centro-Africana (RCA), são eles que estigmatizam as comunidades, são eles que
atacam a força Sangaris (nome da operação militar francesa)", insistiu o
general Francisco Soriano, durante um encontro público em Bangui com os
principais dignitários religiosos do país.
Interrogado
pela agência France Presse sobre um eventual acantonamento das milícias
"anti-balaka", pedido por Patrice Edouard Ngaissona, que se apresenta
como o seu "coordenador político", Soriano afastou a hipótese.
"Quem
são os 'anti-balaka'? Quem é o seu chefe? Qual é a sua mensagem
política?", questionou o general francês, considerando que acantonar as
milícias seria "dar-lhes uma legitimidade que não têm, dar-lhes a
possibilidade de se tornarem uma força que não são ao serviço de um propósito
obscuro".
"Não
as devemos acantonar, mas persegui-las pelo que são, ou seja, foras da lei,
bandidos", insistiu Soriano.
O
arcebispo de Bangui, por seu turno, declarou que "os 'anti-balaka' não são
uma milícia cristã".
"Chamem-lhes
milícias de autodefesa, milícias de aldeia, mas poupem a palavra
'cristã'", pediu Dieudonné Nzapalainga dirigindo-se aos meios de
comunicação social.
O
arcebispo disse que "não são só os muçulmanos que sofrem com os
'anti-balaka'", adiantando: "Somos todos vítimas".
Os
"anti-balaka" contam com numerosos antigos membros das Forças Armadas
Centro-Africanas (FACA), assim como com fiéis do antigo Presidente François
Bozizé (católico como a maioria da população da RCA), derrubado em março de
2013 pela coligação rebelde de maioria muçulmana Séléka de Michel Djotodia, que
foi obrigado a demitir-se a 10 de janeiro devido à incapacidade em travar a
violência inter-religiosa no país.
Patrice
Edouard Ngaissona, que foi ministro da Juventude e dos Desportos de François
Bozizé, negou, numa entrevista à AFP, que as milícias "anti-balaka"
lutem "pelo regresso de Bozizé". Fonte: Aqui