quarta-feira, 9 de maio de 2018

GUINÉ-BISSAU PODIA GANHAR 10 VEZES MAIS COM POLPA E AMÊNDOA DO CAJU - ESTUDO

A Guiné-Bissau podia estar a ganhar até dez vezes mais se aproveitasse a polpa e transformasse a castanha de caju em amêndoa ao invés de vender todo produto em estado natural, refere um estudo hoje apresentado.

O estudo, encomendado pelo projeto de reabilitação do setor privado e apoio ao desenvolvimento agroindustrial da Guiné-Bissau e financiado pelo Banco Mundial, defende que com a venda de castanha o país arrecadou, em 2016, 115 mil milhões de francos CFA (cerca de 175 milhões de euros).

Mas, segundo o inquérito, apenas 10% do potencial do caju guineense é que é aproveitado.

Por exemplo, caso toda polpa de caju produzida no país fosse transformada o rendimento seria de mais 1,1 mil milhões de francos CFA (cerca de 1,6 mil milhões de euros)
, conclui o estudo, que aponta aquela substância como sendo rica em açúcar, minerais e vitaminas.
O estudo salienta que apenas seis empresas se dedicam à produção de sumos de caju na Guiné-Bissau e o líder do mercado produz 20 mil garrafas por ano, o que perfaz entre 12 a 15 toneladas de toda polpa que é produzida.

Nota-se ainda "uma quase ausência" de outros derivados do caju, nomeadamente a polpa fresca e seca, a compota, os biscoitos do caju, a pasta e o leite.

Em relação à amêndoa, o estudo determina que apesar de a Guiné-Bissau ser o segundo maior produtor de caju em África, tendo produzido 210 mil toneladas em 2017, apenas consegue transformar localmente cerca de 1,4 toneladas de toda a produção.

No país, a amêndoa do caju é utilizada apenas como aperitivo e é pouco usado na culinária.

Com uma capacidade teórica instalada para transformar 30 mil toneladas, os industriais do ramo deparam-se com dificuldades para compra do produto, aponta também o estudo.

O documento defende a existência de potencial de mercado a nível interno para a amêndoa e a polpa do caju, mas também refere que o Senegal e Marrocos seriam outros destinos para a compra daqueles derivados da castanha guineense.

O estudo recomenda uma estratégia de marketing para dar a conhecer todos as componentes do caju da Guiné-Bissau, visando primeiramente o mercado interno, sub-regional e só depois os mercados da Europa e da América do norte.

"O caju da Guiné-Bissau tem uma fraca notoriedade", salienta o documento.

As conclusões do estudo baseiam-se num inquérito realizado pelo projeto de melhoria do setor privado guineense, realizado a nível interno, no Senegal, Cabo Verde, Gâmbia, Mauritânia, Mali, Serra Leoa, Libéria e Marrocos.

Fonte: Lusa, em https://www.dn.pt