Bissau, 01 jan - O ex-presidente guineense, Kumba Ialá, renunciou hoje a política ativa, disse o próprio em conferência de imprensa sublinhando que "tudo na vida tem o seu tempo".
Kumba Ialá já não será candidato às próximas eleições presidenciais de 16 de março.
"Agora que me despeço não da política, mas de disputas e mandatos de cargos eleitorais, realço que não é necessário, que não é preciso, ter cargos para exercer a cidadania ativa", observou.
O ex-presidente guineense disse ter tomado a decisão após consultar a família e os amigos.
Na conferência de imprensa, as palavras de Ialá foram recebidas com palmas de vários apoiantes que se fizeram presentes.
Ao abandonar a vida política ativa, Kumba Ialá diz que encerra uma etapa iniciada há mais de 20 anos, tendo fundado o Partido da Renovação Social (PRS) e alcançado a presidência da Guiné-Bissau, entre 2000 a 2003, de onde saiu através de um golpe de Estado militar.
Explicando as razões do abandono da vida política ativa, Kumba Ialá recorreu aos textos bíblicos.
"O rei Salomão dizia no velho testamento que há tempo para tudo na vida terrena de um homem. Há tempo para nascer e há tempo para morrer. Há tempo para odiar, tempo para amar, tempo para parar a Guerra", observou Ialá.
Sobre as próximas eleições gerais, Kumba Ialá afirmou que a sua decisão de não se apresentar à corrida "é irrevogável", por compreender que "os tempos são outros" e por ser também dar espaço à novas figuras.
O ex-presidente guineense diz que parte "com a consciência tranquila" mas continua a querer ver a Guiné-Bissau melhorada. Kumba Ialá diz que se vai posicionar como próximo membro do futuro senado a ser cirado no país.
"Os que exerceram cargos públicos de relevo deviam afastar-se das lutas partidárias. Parto porque reformas importantes estão para ser feitas nos setores da Defesa e Segurança", observou Kumba Ialá.
Saudando as "grandes figuras" que ajudaram e inspiraram a Guiné-Bissau para a sua emancipação, Kumba Ialá referiu o nome do ex-presidente e falecido João Bernardo "Nino" Vieira e vários nomes de líderes africanos defuntos.
Ialá não se esqueceu também de "ilustres homens de Estado" de Portugal, nomeadamente Mário Soares, Álvaro Cunhal e Francisco Sá Carneiro, ao saudar a contribuição dada por Portugal na sua formação enquanto estudante e democrata.
MB // CC.
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