Bissau, 12 fev (Lusa) - As Forças
Armadas da Guiné-Bissau concordam com a possibilidade de as eleições gerais
marcadas para 16 de março serem adiadas para uma nova data, disse hoje o
porta-voz dos militares, Daba Nawalna.
Falando aos jornalistas à saída de um
encontro entre o Presidente de transição guineense, Serifo Nhamadjo, e chefias
militares, o porta-voz das Forças Armadas referiu que a possibilidade de
adiamento das eleições foi tema da conversa.
Questionado sobre o facto de o chefe das
Forças Armadas, o general António Indjai, ter dito a 28 de janeiro que quem
ousasse adiar as eleições seria responsabilizado, Daba Nawalna afirmou que tal
posicionamento é pessoal, pelo que não vincula os militares.
Daba Nawalna lembrou que "a
Guiné-Bissau é um país" onde, disse, "a vontade da maioria é que
prevalece".
"O desejo pessoal de um indivíduo é
importante, mas não deixa de ser isso mesmo. As condições objetivas no terreno
ditaram que as eleições não podem ter lugar na data prevista", sublinhou.
"Nós, enquanto Forças Armadas,
amantes da paz e crentes em que este país pode avançar, apoiamos de bom grado
este adiamento para uma data a anunciar", afirmou.
O porta-voz das Forças Armadas
guineenses não quis especificar se as eleições serão marcadas para 13 de abril,
como defende a maioria dos partidos políticos e organizações da sociedade
civil.
"A entidade competente o
fará", assinalou Nawalna, aludindo ao decreto a ser publicado pelo
Presidente Serifo Nhamadjo.
Questionado pelos jornalistas sobre a
denúncia feita, em carta aberta, pelo ex-ministro dos Negócios Estrangeiros
Faustino Imbali de que estaria a ser perseguido e ameaçado de morte, o
porta-voz disse que as Forças Armadas não controlam os serviços secretos.
"Nós estamos aqui em representação
das Forças Armadas. Os serviços secretos não pertencem ao Ministério da Defesa
e nem ao Estado-Maior das Forças Armadas", observou Nawalna.
Sobre a ideia defendida pelo
representante do secretário-geral das Nações Unidas, José Ramos-Horta, no
sentido de o Presidente a ser eleito ter que promover uma remodelação das
chefias militares, Daba Nawalna afirmou que cabe ao Governo decidir sobre o
assunto.
"Quem tem competência para propor
qualquer remodelação nas Forças Armadas é o Governo e não a representação do
secretário-geral das Nações Unidas", assinalou o porta-voz do exército
guineense, lembrando que o processo de reforma está em andamento há muito
tempo.
As eleições gerais na Guiné-Bissau estão
marcadas para 16 de março, mas devem ser adiadas devido a atrasos no
recenseamento eleitoral.